Adélia
Luzia Prado
Freitas nasceu em Divinópolis, Minas Gerais, em 13 de dezembro
de 1935.
Com o falecimento de sua mãe em 1950, iniciou
seu primeiros versos. Concluiu em 1953 o curso de Magistério
na Escola Normal Mário Casassanta, concluido dois anos
depois.
Em 1958 casou-se com José Assunção de
Freitas, funcionário do Banco do Brasil; tiveram cinco filhos:
Eugênio, Rubem, Sarah, Jordano, e Ana Beatriz.
Antes do nascimento da última filha, Adélia e
o marido iniciaram o curso de Filosofia da Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Divinópolis.
Concluiu o curso Filosofia um ano após a
morte de seu pai em 1972. Nessa época enviou ao poeta e
crítico literário Affonso Romano de Sant'Anna, carta e
originais de seus novos poemas, que por fim, chegaram ao poeta
Carlos Drummond de Andrade.
Em 1975, Carlos Drummond de Andrade indicou
uma editora para publicação do livro de Adélia, cujos poemas
lhe pareciam "fenomenais". O poeta apoiou de várias formas a
trajetória literária da escritora. Seu primeiro livro foi
"Bagagem".
Sobre sua primeira obra publicada Adélia
disse: "
Bagagem, meu primeiro livro,
foi feito num entusiasmo de fundação e descoberta nesta
felicidade. Emoções para mim inseparáveis da criação, ainda
que nascidas, muitas vezes, do sofrimento. (...)"
O livro foi lançado no Rio de Janeiro em
1976, com a presença de personalidades como Carlos Drummond de
Andrade, Clarice Lispector, Juscelino Kubitscheck, Alphonsus
de Guimaraens Filho, entre outros.
No ano de 1978 com o lançamento de "O coração
disparado", recebeu Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do
Livro. No ano seguinte, mais livro: "Soltem os cachorros".
Após 24 anos no magistério, deixou de exercer a
profissão
Em 1980, dirigiu o grupo teatral amador Cara
e Coragem na montagem de "O Auto da Compadecida", de Ariano
Suassuna. No ano seguinte, foi a vez de "A Invasão", de
Dias Gomes e também publicou "Cacos para um vitral" e no ano
seguinte lançou "Terra de Santa Cruz".
Em 1984, publicou "Os componentes da
banda", no ano seguinte em Portugal, participou do II
Encontro de Intelectuais pela Soberania dos Povos de Nossa
América.
A atriz Fernanda Montenegro estreou o
espetáculo "Dona Doida: um interlúdio" baseado em texto de
Adélia Prado, no Rio de Janeiro, em 1987. A montagem teve
sucesso tanto no Brasil como nos EUA, Itália e Portugal.
Em 1996, no Teatro Sesi de Belo Horizonte
estreou a peça "Duas horas da tarde no Brasil", texto
adaptado da obra da autora por Kalluh Araújo e pela filha de
Adélia, Ana Beatriz Prado.
Em 1998 apresentou-se em Nova York, na Semana
Brasileira de Poesia, evento promovido pelo Comitê
Internacional pela Poesia e publicou "A faca no peito". Também
participou em Berlim, Alemanha, do Línea Colorada, um encontro
entre escritores latino-americanos e alemães.
Para Adélia Prado a condição da literatura
está no cotidiano, muito notado em suas obras, como em
"Casamento": Há mulheres que dizem:/ Meu marido, se quiser
pescar, pesque,/ mas que limpe os peixes./ Eu não. A qualquer
hora da noite me levanto,/ ajudo a escamar, abrir, retalhar e
salgar./ É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,/ de vez em
quando os cotovelos se esbarram,/ ele fala coisas como "este
foi difícil" / "prateou no ar dando rabanadas"/e faz o gesto
com a mão./ O silêncio de quando nos vimos a primeira vez/
atravessa a cozinha como um rio profundo./ Por fim, os peixes
na travessa,/ vamos dormir./ Coisas prateadas espocam:/ somos
noivo e noiva.