A Mulher e o Mundo

Por: Sibele Ligório

 

 

Em 08 de março de 1857, operárias de uma indústria têxtil de Nova York iniciaram uma greve reivindicando a redução da jornada de trabalho e a igualdade de salário com os homens. O que tiveram, foi a morte de 129 operárias.

Mas esse resultado não intimidou as sobreviventes, pelo contrário, serviu como desafio para mais lutas pelo mundo todo. Em 1975 a ONU oficializou a data como o Dia Internacional da mulher.

A mulher há muito luta por igualdade aos homens quanto a direitos civis, políticos e familiares. O movimento feminista surgiu na Europa no final do século XVIII, com o objetivo de lutar por essa igualdade. Antes, a mulher tinha direitos iguais ou menores que os escravos, as crianças e os pobres.

O trabalho desempenhado pela mulher teve muita importância desde a pré-história, em algumas regiões colaborava com os homens nas guerras, em outras era educada para as tarefas domésticas, obediência ao homem e tinha a obrigação de gerar filhos saudáveis para lutarem contra os povos inimigos.

Sua contribuição para a economia variava conforme a estrutura, as necessidades, os costumes e os valores sociais de cada época. Na pré-história, homens e mulheres participavam igualmente da busca de alimentos, mas ao surgirem as comunidades agrícolas a mulher dedicou-se somente às tarefas do lar.

Com a Revolução Industrial, surgiram novas oportunidades para a mulher e foi incorporada ao mercado de trabalho. Mas isso não uma evolução, pois recebiam baixos salários, tinham péssimas condições de trabalho, longas jornadas e outros abusos, que juntamente com a exploração infantil, eram normas durante a fase inicial do capitalismo industrial.

A partir de 1870, com o surgimento da máquina de escrever e o telefone, as mulheres passaram a ter dois novos empregos: o de datilografa e o de telefonista

Nos países de regime comunista a mulher tinha tanto o direito quanto o dever de trabalhar e embora tivesse maior participação no mercado de trabalho que a mulher ocidental, era empregada em tarefas que exigiam menor qualificação e em cargos de menor poder de decisão que os dos homens.

Os movimentos feministas ocorridos no mundo, trouxeram muitas conquistas: em mais de 90% dos países as mulheres votam e podem ser votadas; uma luta a qual tiveram a frente grandes mulheres, como as norte-americanas Elizabeth Cady Stanton e Lucretia Coffin Mott e as britânicas Mary Wollstonecraft e Emmeline Pankhurst.

Talvez a luta mais difícil seja contra o preconceito. Sigmund Freud, fundador da psicanálise perguntou: "o que querem as mulheres?". Jacques Lacan, psicanalista francês respondeu: "a mulher não quer nada porque ela não existe".

A mulher quer e muito. Quer reconhecimento, respeito ao seu espaço. Quer direito a participação da vida de seu país e na sociedade em que vive. Quer ter de sua existência, sem preconceitos.

A mulher vem há muito buscando ser reconhecida pelo homem, pela família, pelo poder público e pela sociedade. Mas é preciso saber manter o já conquistado. Não é necessário que somente se lute para ter os mesmos direitos e obrigações que o homem, é preciso cuidar do que é próprio da mulher, sendo fiel ao que conquistou e sem perder a feminilidade.

A inversão de valores contrários aos defendidos pela mulher do século XVII, como ser tratada com adjetivos como "cachorras" e modismos de danças erroneamente chamadas de sensuais, são que retrocessos, não evoluções nem emancipação da mulher do século XXI.

Uma luta não deve ser vã.

 

 

 

Sibele Ligório é contabilista, técnica em informática e acadêmica de Filosofia pela PUC - Campinas. É criadora do site Vida em Poesia.

sccl@e-estudar.com.br