Assim é a linguagem

 

Por: Sibele Ligório

 

Todo ser vivo utiliza a linguagem. Os animais manifestam-se por gestos e sons; o homem, além desses recursos, manifesta-se também e principalmente pela falada. Mas o que é ela?

Somos rodeados por ela e a produzimos incessantemente. Um bebê, chora para lembrar à mamãe que está com fome, sorri quando recebe um carinho.

Sabemos que temos que parar o veículo quando o sinal está vermelho e prosseguir quando no verde; que a bandeira branca significa paz; acenamos a mão para despedirmo-nos, piscamos um olho para paquerar alguém; rimos de uma piada ou lamentamos ao saber de alguma coisa desagradável, assim, seguimos vida à fora utilizando os recursos da linguagem.

Se você movimentou a cabeça na vertical ou na horizontal ou esboçou outra reação, como um balançar de ombros para concordar ou não com o escrito nos parágrafos acima, já disse alguma coisa!

A linguagem e o pensamento estão diretamente relacionados, é por meio dela que manifestamos eles, a articulação é simultânea.

É na realização da linguagem que o pensamento faz acontecer as experiências humanas. Ela é o retrato do ser.

O universo do homem é repleto de signos que são representações para facilitar a comunicação. Um bom exemplo disso são muitos dos versículos bíblicos, com suas parábolas e expressões ilustrativas como: "reino dos céus", "ainda que um camelo passe pelo furo de uma agulha...", "maçãs de ouro" e tantas outras, que facilitam a compreensão da mensagem transmitida.

A comunicação é feita desses signos e nos habituamos a eles. Assim como entendemos que ao sinal vermelho devemos parar, sem que ninguém solicite. Assim vamos criando e descobrindo a linguagem crescente.

O filósofo Wittgenstein define a linguagem como um "jogo", que funciona no seu uso e não na indagação sobre o significado das palavras, mas sim em sua praticidade. Compara esse jogo dela como as ferramentas utilizadas pelo operário, que as usa para funções já definidas, como o martelo para martelar e o serrote para serrar.

Esse jogo é interativo, e, quando dele participamos estamos atuando sobre o destinatário da mensagem que emitimos, esperando dele uma reação. E reagimos quando somos o receptor.

Se batemos palmas no portão de uma casa, esperamos que alguém venha atender-nos, esperamos uma reação. Se então, o morador atender ao chamado, já é uma forma de interação do jogo de linguagem.

Ela possui três funções: a de informação, a de expressão e a diretiva.

A informação pretende apenas orientar e não necessita de uma reação, como por exemplo, as instruções de uma bula de medicamento ou da utilização de um produto.

A função expressiva é a utilizada na forma poética, que não tem a intenção de transmitir uma informação, mas sim expressar sentimentos do escritor e causar emoções ao leitor. Não tem compromisso de ser verdadeira ou não.

A função diretiva, tem o propósito de causar ou impedir uma ação e é utilizada comumente nos pedidos ou ordens, que além da falada, utiliza a corporal. Fazer uma pergunta e obter a resposta, também é um exemplo de discurso diretivo.

A linguagem é toda a prática, a expressão e a interação do pensamento do homem com seus semelhantes, identificando-o na sociedade.

Carlos Drummond de Andrade definiu na poesia "Palavra" o que é ela: (...) Já não quero dicionários consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode inventar.

 

 

 

Sibele Ligório é contabilista, técnica em informática e acadêmica de Filosofia pela PUC - Campinas. É criadora do site Vida em Poesia.

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