Todo ser vivo utiliza a linguagem. Os animais
manifestam-se por gestos e sons; o homem, além desses recursos,
manifesta-se também e principalmente pela falada. Mas o que é
ela?
Somos rodeados por ela e a produzimos
incessantemente. Um bebê, chora para lembrar à mamãe que está com
fome, sorri quando recebe um carinho.
Sabemos que temos que parar o veículo quando o
sinal está vermelho e prosseguir quando no verde; que a bandeira
branca significa paz; acenamos a mão para despedirmo-nos, piscamos
um olho para paquerar alguém; rimos de uma piada ou lamentamos ao
saber de alguma coisa desagradável, assim, seguimos vida à fora
utilizando os recursos da linguagem.
Se você movimentou a cabeça na vertical ou na
horizontal ou esboçou outra reação, como um balançar de ombros para
concordar ou não com o escrito nos parágrafos acima, já disse alguma
coisa!
A linguagem e o pensamento estão diretamente
relacionados, é por meio dela que manifestamos eles, a articulação é
simultânea.
É na realização da linguagem que o pensamento faz
acontecer as experiências humanas. Ela é o retrato do ser.
O universo do homem é repleto de signos que são
representações para facilitar a comunicação. Um bom exemplo disso
são muitos dos versículos bíblicos, com suas parábolas e expressões
ilustrativas como: "reino dos céus", "ainda que um camelo passe pelo
furo de uma agulha...", "maçãs de ouro" e tantas outras, que
facilitam a compreensão da mensagem transmitida.
A comunicação é feita desses signos e nos
habituamos a eles. Assim como entendemos que ao sinal vermelho
devemos parar, sem que ninguém solicite. Assim vamos criando e
descobrindo a linguagem crescente.
O filósofo Wittgenstein define a linguagem como um
"jogo", que funciona no seu uso e não na indagação sobre o
significado das palavras, mas sim em sua praticidade. Compara esse
jogo dela como as ferramentas utilizadas pelo operário, que as usa
para funções já definidas, como o martelo para martelar e o serrote
para serrar.
Esse jogo é interativo, e, quando dele participamos
estamos atuando sobre o destinatário da mensagem que emitimos,
esperando dele uma reação. E reagimos quando somos o receptor.
Se batemos palmas no portão de uma casa, esperamos
que alguém venha atender-nos, esperamos uma reação. Se então, o
morador atender ao chamado, já é uma forma de interação do jogo de
linguagem.
Ela possui três funções: a de informação, a de
expressão e a diretiva.
A informação pretende apenas orientar e não
necessita de uma reação, como por exemplo, as instruções de uma bula
de medicamento ou da utilização de um produto.
A função expressiva é a utilizada na forma poética,
que não tem a intenção de transmitir uma informação, mas sim
expressar sentimentos do escritor e causar emoções ao leitor. Não
tem compromisso de ser verdadeira ou não.
A função diretiva, tem o propósito de causar ou
impedir uma ação e é utilizada comumente nos pedidos ou ordens, que
além da falada, utiliza a corporal. Fazer uma pergunta e obter a
resposta, também é um exemplo de discurso diretivo.
A linguagem é toda a prática, a expressão e a
interação do pensamento do homem com seus semelhantes,
identificando-o na sociedade.
Carlos Drummond de Andrade definiu na poesia
"Palavra" o que é ela: (...) Já não quero dicionários consultados
em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode
inventar.