“Vejam quantas coisas o ateniense precisa para viver!”,
exclamou ironicamente o filósofo Sócrates diante de uma banca
com diversas mercadorias expostas.
Para Sócrates, o meio-termo de
ouro era o equilíbrio do homem, que não deveria nem ser covarde,
nem audacioso, mas corajoso; nem mesquinho, nem perdulário, mas
generoso. Para ele “a virtude deve ter a qualidade de visar ao
meio-termo”.
Platão e Aristóteles lembravam
que só por meio do equilíbrio e da moderação é que podemos ser
felizes.
O sábio Diógenes vivia dentro
de um barril e seus bens materiais não passavam de um cajado,
uma túnica e uma cesta de pães. Certo dia ele foi visitado por
Alexandre Magno, que sentado ao sol fazia sombra ao seu barril,
perguntou-lhe se deseja algo, que ele como rei realizaria em
poucos instantes. Diógenes sem lhe dar muita importância
respondeu: “Sim, desejo que te afastes do meu sol”.
Epicteto dizia que devemos ser
vigilantes a tendência aos excessos, que nossos bens devem ser
proporcionais às necessidades do nosso corpo, assim como o
sapato deve adaptar-se ao tamanho do pé, que quando deixamos a
moderação, perdemos o equilíbrio e deixamos nossos caprichos
comandarem nossa vida.
Epicuro escreveu ao seu
discípulo Meneceu uma carta com diversas orientações sobre como
se habituar às coisas simples, que proporcionariam ao homem
meios para enfrentar com coragem as adversidades da vida e
torná-la mais prazerosa. Quando Epicuro se referia aos prazeres,
não falava de exageros como bebidas e banquetes, festas, mas de
ausência de sofrimentos físicos e perturbações da alma.
Para Sidarta, o Buda, uma roda
de carroça de oito raios ligados uns aos outros por um centro
vazio representava as oito vias que levavam o homem ao caminho
do meio, que proporcionavam uma vida feliz. Estas vias eram
baseadas nos caminhos corretos da visão, das aspirações, da
linguagem, da conduta, da atividade, do esforço, da atenção e da
contemplação.
Todos estes pensadores, mesmo
tendo divergências em seus ensinamentos sobre a conduta humana,
concordavam em algo: a felicidade está no equilíbrio, está no
que é simples.
Vivemos numa época em damos
exagerada importância ao ter, ao consumir, queremos um corpo
perfeito, escultural, pele bronzeada, não basta ter saúde.
Queremos muito dinheiro, não importa como vamos tê-lo nem se
poderemos usufruí-lo, não basta ter o suficiente para manter
nossas necessidades. Queremos muitos amigos, não importando a
qualidade dessas amizades, que muitas vezes não passam de
coleguismo. Nos dias de Natal, das mães, dos pais e outras
datas, esquecemos sua finalidade e os shoppings ficam repletos
de pessoas comprando presentes, mas deixamos de dar um abraço
nas pessoas que queremos bem.
Não precisamos de muito para
ser feliz, só precisamos estar no caminho do meio, e não no meio
do caminho.
Sibele
Cristina de Castro Ligório
poesia@vidaempoesia.com.br