O Concretismo

 

 

Contexto Histórico

 

Nos primeiros anos da década de 1950, quando os países da Europa ainda se recuperavam das conseqüências da Segunda Guerra Mundial, alguns poetas brasileiros se agrupavam no estudo da revista Noigrandes.

O Brasil, vivia uma época de democratização política e de desenvolvimento econômico, que foi intensificado no governo de Juscelino Kubitschek (1956-1960), que prometia um grande avanço histórico, no lema de "cinqüenta anos em cinco".

Os planos do governo JK eram de modernização do país, o que resultaram em grande crescimento industrial, aumento de empregos, e conseqüentemente, a renda dos trabalhadores. Devido ao desenvolvimento e grandes realizações, como a construção de Brasília, e a estabilidade política, houveram períodos de muito otimismo, chamados de "anos dourados".

As atividades do mercado editorial no país também foram fundamentais no desenvolvimento. Medidas do governo para a isenção de impostos sobre o livro e incentivos para a indústria de papel nacional, resultaram em expressivo crescimento, um exemplo foi o ano de 1962 que teve a produção de 66 milhões de livros.

O progresso aconteceu em ritmo acelerado; as casa já contavam com telefones, televisores e eletrodomésticos, os ônibus tiveram dividiam espaço com os carros. Muitos produtos e tendências norte-americanas chegaram ao país, mudando o comportamento dos brasileiros da população, como a Coca-Cola e o rockn’roll, porém não para alguns setores da sociedade, que consideram essa invasão de novos hábitos prejudicial e então o governo de JK, passou a ser criticado.

Em 1955 no Festival de Música de Vanguarda do Teatro Arena, o grupo formado por Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari usou pela primeira vez a expressão "poesia concreta". No ano seguinte, foi definido com uma exposição no Museu de Arte Moderna de São Paulo, o movimento Concretista, que se opunha às propostas poéticas da Geração de 45.

 

 

Características

O Concretismo foi o primeiro "produto de exportação" da poesia brasileira, nas palavras de Oswald de Andrade, pois foi concebido como movimento internacional e surgiu, se não antes, pelo menos ao mesmo tempo em que se manifestava em outros países. O lançamento oficial ocorreu em 1956, com a Exposição Nacional de Arte Concreta, realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Mas desde 1952, quando os poetas Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari lançaram a revista Noigrandes, e já refletiam sobre e praticavam a poesia concreta.

No manifesto Plano Piloto para Poesia Concreta, de 1958, os poetas elencam, entre seus precursores e influenciadores, Oswald de Andrade, atuante da primeira fase Modernista e João Cabral de Melo Neto, criador da "arquitetura funcional do verso", que se aproximava dos princípios do Concretismo. Assim, os poetas concretistas retomaram recursos utilizados na fase heróica do Modernismo, como a concisão dos versos de Oswald de Andrade, e se opuseram às formas tradicionais do verso, à poesia lírica, subjetiva e discursiva.

Para os criadores do Concretismo, o verso passava por uma crise como a o artesanato sofreu com a Revolução Industrial, tamanho o desgaste de suas fórmulas. Assim, eles apresentaram o poema-objeto, construído por meio de recursos como a disposição não convencional dos vocábulos na página, o uso do espaço em branco como produtor de sentidos e a utilização de elementos visuais e sonoros, buscando acabar com as formas tradicionais do verso, e valorizar o espaço gráfico.

 

 

 

Sibele Ligório é contabilista, técnica em informática e acadêmica de Filosofia pela PUC - Campinas. É criadora do site Vida em Poesia.