Escritas Ideográficas

Sibele Cristina de Castro Ligório

 

 

Vamos conhecer um pouco de duas escritas antigas: a do Egito e da China, ambas ideográficas:

 

Escrita hieroglífica do antigo Egito

 

A escrita egípcia foi iniciada aproximadamente em 3000 a.C. e se estendeu até o inicio da era cristã, sendo substituída pelo alfabeto grego.

De acordo com alguns estudiosos, a escrita egípcia não teve a mesma forma de evolução que a cuneiforme, que foi gradativa, ela evoluiu organizada e planejada.

Mesmo sendo da mesma época que a cuneiforme, não foi uma cópia daquela, embora há características similares.

Um registro muito importante, como método descritivo-representacional é a palheta Narmer, de aproximadamente 2850 a.C., um pedaço de ardósia onde os triunfos de um rei são representados. Alguns estudiosos vêem em figuras dessa palheta uma conexão com os símbolos da escrita posterior, mas o desenho como um todo não é um esboço da escrita e, assim, não é possível demonstrar se esse foi um predecessor verdadeiro da escrita egípcia.

Há três formas de escrita egípcia:

A hieroglífica era usada normalmente para fins cerimoniais, como inscrições nas paredes das tumbas e dos templos, onde as marcas eram escavadas na pedra e depois pintadas, e nos livros de textos rituais e todos os símbolos, até mesmo os que indicam os sons da linguagem, são pictogramas - executados cuidadosamente, detalhadamente e com figuras reconhecíveis de pessoas, animais e objetos.

As hierática e demótica eram usadas para relatos e cartas, feitas em papiros - hastes de folhas compridas encontradas nas margens do rio Nilo. A argila nunca foi usada na escrita egípcia, o que diferencia o número de documentos da escrita egípcia da cuneiforme, pois o papiro era um material mais perecível que a argila.

Os símbolos da escrita hierática e demótica derivaram-se dos pictogramas hieroglíficos, mas seu caráter é cursivo, não possuindo qualquer qualidade pictórica. No método representativo da língua, mesmo com aparência externa diferente, todas as escritas são similares.

 

A escrita chinesa

 

A escrita chinesa originou-se em aproximadamente 1300 a.C. e ainda é usada nos dias de hoje e parece ter-se desenvolvido da mesma maneira que a escrita cuneiforme e iniciou como uma forma de escrita de certa forma pictográfica.

As representações mais antigas estão riscadas em pedaços de ossos. Há também registros de inscrições em objetos de bronze e algumas em pedra. Apesar de alguns símbolos antigos diferirem-se da escrita moderna, feita pela prática de utilizar pincel e tinta, o princípio da escrita chinesa quase não mudou.

Os símbolos de palavras eram acompanhados de determinativos e destes símbolos desenvolveu-se um grupo de símbolos silábicos. Porém, difere das escritas cuneiforme e egípcia que fizeram uso extensivo de símbolos fonéticos até que se tornaram predominantemente fonéticas, a escrita chinesa foi sempre, exceto em breves períodos de reformas, limitada pelo uso de símbolos silábicos, mantendo e multiplicando seus símbolos de palavras.

No seu surgimento eram utilizados nada além de 2500 símbolos diferentes, ou caracteres, como são geralmente chamados, atualmente fazem parte da escrita 40 a 50 mil caracteres, sendo a maioria deste número, uma combinação de caracteres únicos.

É curioso que independente do número de combinações de caracteres únicos em um outro, o caractere resultante da combinação sempre tem a mesma aparência e o mesmo tamanho que o outro caractere, e mesmo assim ele representará apenas uma palavra.

 

 

Sibele Ligório é contabilista, técnica em informática e acadêmica de Filosofia pela PUC - Campinas. É criadora do site Vida em Poesia.