Manuel Bandeira

 

Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho, foi poeta e ensaísta brasileiro, nascido em Recife, Pernambuco.

Estudou no Colégio Pedro II no Rio de Janeiro, onde foi também professor de literatura. Em São Paulo iniciou sua carreira de engenheiro, que não prosseguiu em virtude da tuberculose.

Entre as atividades que exerceu, foi inspetor federal de ensino, professor de literatura latino-americana na Universidade do Brasil, colaborou com a imprensa, preparou antologias e escreveu sobre crítica literária e história. Seus primeiros livros Cinzas das horas (1917) e Carnaval (1919), foram influenciados pelo conhecimentos do simbolismo e o pós-simbolismo francês.

A partir de 1912, suas obras eram em o versos livres e participou do movimento modernista de 1922. Da nova estética, surgiram as obras Ritmo dissoluto e Libertinagem (1930), onde inseriu motivos e termos prosaicos na literatura.

Com tons de biografia e de figuras familiares escreveu Profundamente e Irene do céu. O Brasil é retratado em Evocação do Recife e nos livros escritos na sua maturidade reaparecem a métrica clássica e popular. Nas obras Mafuá do malungo (1948) aparecem jogos onomásticos, dedicatórias rimadas e sátiras políticas. Outras obra que tiveram destaques foram Estrela da manhã (1936), Estrela da tarde (1966), Estrela da vida interior (1966).

Em prosa escreveu as Crônicas da Província do Brasil (1936), Guia de Ouro Preto (1938), Noções da História da Literatura (1940), Literatura Hispano-americana (1949), Gonçalves Dias (1952), Itinerário de Pasárgada (1954) e mais 50 crônicas.

Morreu no Rio de Janeiro em 13 de outubro de 1968 e seu corpo foi sepultado no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no Cemitério São João Batista.

Uma das obras mais conhecidas de Manuel Bandeira é "Vou-me embora pra Pasárgada", da qual surgiram outras escritas por diversos autores, alguns desmentindo ou satirizando, outros confirmando a utopia e o paraíso e ali ricamente descrito:

"Vou-me embora pra Pasárgada/ Lá sou amigo do rei/ Lá tenho a mulher que eu quero/ Na cama que escolherei/ Vou-me embora pra Pasárgada/ Vou-me embora pra Pasárgada/ Aqui eu não sou feliz/ Lá a existência é uma aventura/ De tal modo inconseqüente/ Que Joana a Louca de Espanha/ Rainha e falsa demente/ Vem a ser contraparente/ Da nora que eu nunca tive/ E como farei ginástica/ Andarei de bicicleta/ Montarei em burro brabo/Subirei no pau-de-sebo/ Tomarei banhos de mar!/ E quando estiver cansado/ Deito na beira do rio/ Mando chamar a mãe-d'água/ Pra me contar as histórias/ Que no tempo de eu menino/ Rosa vinha me contar/ Vou-me embora pra Pasárgada/ Em Pasárgada tem tudo/ É outra civilização/ Tem um processo seguro/ De impedir a concepção/ Tem telefone automático/ Tem alcalóide à vontade/ Tem prostitutas bonitas/Para a gente namorar/ E quando eu estiver mais triste/ Mas triste de não ter jeito/ Quando de noite me der/ Vontade de me matar/ — Lá sou amigo do rei — / Terei a mulher que eu quero/ Na cama que escolherei/ Vou-me embora pra Pasárgada."

 

 

 

Sibele Ligório é contabilista, técnica em informática e acadêmica de Filosofia pela PUC - Campinas. É criadora do site Vida em Poesia.