Os trapistas eram frades
de uma ordem monástica católica que surgiu na França, no
século XVII. Eles, que faziam o voto de silêncio, apenas
falavam uns aos outros quando se cruzavam nos corredores do
claustro, dizendo a expressão latina memento mori, que
traduzindo significa “lembra-te, homem, que hás de morrer”.
A intenção, era de lembrar
que morremos todos os dias, e que a vida é tão preciosa para a
perda de tempo com o que não tem valor, importância ou como
potencializamos os acontecimentos ruins e minimizamos os
momentos bons.
Muitas vezes passamos a
vida lamentando o que não fomos, o que não temos, o que
poderíamos ter sido se nossas escolhas tivessem sido outras, ou
por nem sempre assumirmos as responsabilidades que temos nossa
própria vida, achamos que tudo e todos são culpados por nossos
insucessos e tristezas.
Ou ainda, vivemos do
pretérito, das reminiscências, que Platão definiria como “as
lembranças do que a alma contemplou em uma vida anterior”, que
julgamos que certamente foi mais feliz que esta.
Será que às vezes não
tornamos a vida mais pesada e sofrida do que ela realmente é?
Claro que não é preciso pensar muito para encontrarmos motivos
para sofrer com as dificuldades que temos: falta de emprego,
crises no governo, guerras, doenças, e tantas outras.
A lista de motivos que
tornam nossa vida difícil pode ser grande. Mas e a lista do que
vivemos de bom, também não pode ser maior ainda? E só o fato de
ter uma vida, não vale a pena sermos gratos por termos um futuro
para planejar, que podemos sonhar, que podemos deixar o passado
no lugar dele?
Uma música de um grupo de
rock brasileiro tem uma frase que acho, assim como a expressão
memento mori, muito especial: como é difícil viver carregando um
cemitério na cabeça.
Como é bom quando num
momento de tranqüilidade a lembrança de um acontecimento, de uma
música, de um cheiro, de uma pessoa, que deixou nossa vida mais
feliz no passado torna assim também o presente!
Ser feliz é o melhor que
podemos fazer por nós mesmos. E se é para reviver o passado, por
que não escolher as boas lembranças e não carregar um cemitério
de ossos e fantasmas na cabeça?
Sibele
Cristina de Castro Ligório
poesia@vidaempoesia.com.br