Os
acontecimentos são contínuos, são renovados de geração em geração.
Guerras, roubos, mortes, golpes desde sempre existiram e existirão.
Então, porque o espanto?
Habituamos-nos com tudo. E como é fácil se acostumar... quem pára o
jantar ao assistir as notícias na TV e se espanta com mais uma morte
por bala perdida, mais um desfalque nos cofres públicos, mais um
seqüestro?
Por que será que quando algo bom acontece vira notícia espantosa?
Alguém que acha uma carteira procura seu dono sem dela nada retirar
e não espera recompensa, vira notícia. Será que o esperado são as
más atitudes?
Caim, filho primogênito de Adão e Eva, vendo que o sacrifício do seu
irmão Abel era privilegiado, magoado, matou seu irmão. Absalão,
terceiro filho do rei Davi matou seu irmão Amnón e revoltou-se
contra seu pai. São freqüentes os crimes em família por motivos
banais.
Os gregos após dez anos de guerra e não
conseguindo tomar Tróia, enviaram como presente aos guerreiros
daquela cidade um cavalo oco de madeira, mas repleto de soldados.
Felizes com o presente, os troianos abriram as portas para que
entrasse o cavalo. Foram então atacados e assim perderam a guerra
para os gregos. E quantas cartas e presentes explodem nas mãos de
uma vitima com freqüência?
No
século XIV a peste negra devastou mais da metade da população
européia. Recentemente as Tsunamis mataram muitas pessoas na Ásia.
Silvério
dos Reis para obter o perdão de dividas com a Fazenda Real, traiu
seu companheiro Tiradentes, entregando ao governo seus planos de
conspiração. Quantas pessoas não se acanham de trapacear, usar de
intrigas sobre um colega de trabalho para conseguir uma melhor
colocação?
Hitler, um
dos ditadores mais poderosos que a história conheceu, executou
milhares de judeus e outros povos que julgava inferior e usou ainda
campos de concentração para internar quem era contraio ao ele que
pregava. O que falar dos grupos de jovens que jogam outros em
trilhos de trens, matam homossexuais, mendigos e índios? O que falar
dos jogadores de futebol negros que são discriminados em campo?
Liroca, um
dos personagens do escritor gaúcho Érico Verissimo, sempre que se
aborrecia com algo soltava a lamentação: mundo velho sem porteira!
Era mais ou menos como dizer que o mundo está mesmo perdido! Que
nada mais era motivo para espanto, o jeito mesmo era se conformar.
Mas o que
seria da humanidade se não se espantasse, não se admirasse com os
acontecimentos da vida, por acreditarmos que tudo é uma eterna
repetição?
Ainda bem
que ainda nos espantamos, prova que nunca vamos nos acostumar com os
maus passos da humanidade e as tristezas do mundo e que os bons
acontecimentos e atitudes fazem a vida mais feliz, nem que seja para
abrir uma nova porta num mundo velho.
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