Dia
1º de abril é o dia da mentira! Dia em que muitas pessoas
gostam de contar lorotas que pegam os desavisados com
mentirinhas no geral inofensivas ou às vezes não
muito.
Mas se em um dia do ano pode-se contar mentiras, então
deduz-se que nos outros
a verdade reina. Ou não, existem muitas mentiras que
nada têm de brincadeira, como alguns políticos que juram que o
dinheiro que está no banco em um paraíso fiscal é para
caridade e de origem
maravilhosa.
Uma das explicações para que o dia 1º de abril seja o
“dia da mentira”, é a de que na Europa antes de ser utilizado
o calendário gregoriano, o ano era iniciado entre 25 de março
e dia 1º de abril, coincidindo com o início da
primavera.
Assim, muitas pessoas não se acostumaram com a idéia de
comemorar o Ano Novo no dia 1º de janeiro, e continuaram com a
festa na data antiga, 1º de abril. Então, por isso eram
motivos de brincadeiras, como receberem convites para festas
que não aconteceriam, presentes falsos e ganharem apelidos
também.Na Inglaterra, os distraídos são chamados de noodle
(pateta); na França, de poisson d'avril (peixe de abril); na
Escócia, de april gowk (tolo de abril); nos Estados Unidos, de
april fool (bobo de
abril).
Não há ninguém que nunca contou uma mentira. Quem
disser o contrário, já contou uma. A mentira, apesar de não
ser a melhor opção, é muitas vezes um recurso de proteção, de
salvar a pele pelo menos no
momento.
Algumas expressões mostram como ela faz parte do
comportamento humano: “mentira tem perna curta”, pois um dia o
mentiroso é descoberto; ou “mente e nem fica vermelho”, a
cara-de-pau é tamanha que se for preciso o mentiroso chora e
jura falar a verdade sem o menor pudor, sem ficar com a face
rubra.
Quem não se lembra do personagem de Chico Anísio, o
Pantaleão, que contava seus causos aos visitantes com as
mentiras mais descabidas? E para dar veracidade ao fato
perguntava à esposa: “é verdade ou não é, Terta?”, que
cúmplice do marido, dizia: “é sim!”. O mentiroso gosta de
comprovar o que diz, nem que seja preciso somar outra
mentira.
Mais do que saber que papai Noel e coelhinho da páscoa
não existem, a
mentira que mais afetou-me, aconteceu quando eu
tinha uns sete anos.
Quase todos os dias eu ia numa mercearia perto
de casa comprar toicinho defumado. O dono da venda sempre
falava: “para você que é uma moça bonita, vou fazer mais
barato e colocar um pouquinho a mais.” Eu ficava triplamente
vaidosa, por ser chamada de moça, de bonita e de receber mais
do que podia comprar.
Certo dia foi meu irmão comprar o toicinho e eu fiquei
brincando na porta da mercearia. Foi então que ouvi a mentira:
o homem vendeu ao meu irmão o toicinho pelo mesmo preço e com
o mesmo peso! Quem dera que o nariz dele crescesse como o do
Pinóquio! Esperava ao menos que não tivesse mentido sobre
minha beleza.
Não podia deixar de comprar lá, era a
mercearia mais
perto de casa. Daquele dia em diante cortei as relações de
amizade com o dono da venda! Era o máximo que eu podia fazer
para punir o mentiroso.
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