A existência da humanidade e sua evolução
estão intrinsecamente ligadas ao trabalho. De acordo com o
cristianismo, o homem por ter desobedecido as ordens divinas,
fora condenado a ganhar seu sustento com o suor do seu rosto.
Daí vem a idéia que o trabalho significa sofrimento,
sacrifício, maldição.
A palavra "trabalho", derivada do latim
tripalium, que era um instrumento de tortura. Assim, o
ato de trabalhar parece algo que existe para castigar ao
homem.
O homem é o único ser vivo capaz de
transformar o meio em que vive, adequando-o as suas
necessidades e a dos demais, numa evolução contínua. É o único
capaz de decidir como realizar essas mudanças, é o único ser
que trabalha.
Há comparações com outros seres como as
formigas, que levam pedaços de folhas e fazem ninhos, com as
abelhas que levam o pólen das flores e produzem o mel.
Mas essas atividades, não são trabalho, pois
nem as formigas nem as abelhas possuem a capacidade de
modificar o que realizam, buscando um determinado fim. A
formiga não pode fazer uma casa com janelas redondas ou um
prédio futurista nem a abelha pode modificar o sabor do mel
por sua própria vontade, suas atividades são as mesmas desde
sua existência.
O homem pode transformar. E isto é a grande
diferença entre o trabalho humano e as atividades dos outros
seres.
Trabalho significa a capacidade de
transformação, de evolução. A história da humanidade é marcada
pelo trabalho. O que olhamos, o que pensamos, o que utilizamos
é em conseqüência dele, se não do nosso, o de outra pessoa.
Tudo o que cerca a existência humana é fruto do trabalho.
Se considerarmos o trabalho somente como meio
com o qual sustentamos a vida, então, podemos mesmo afirmar
que é um sacrifico. Mas se o entendermos, como um meio de
transformar, criar e realizar, então ele é um instrumento de
libertação.
Historicamente, o trabalho é para alguns o
meio de sobrevivência, e para outros o meio de acúmulo de
riquezas. Assim tornou-se produto, quando para sobreviver, a
maioria necessitou vendê-lo aos poucos que podiam comprá-lo.
Karl Marx chamou de "mais-valia" o excedente
de produção pelo o qual o operário não recebia. O que ele
produzia durante um determinado tempo correspondia ao seu
salário, o que excedia o rendimento da produção e não
remunerado, era fruto da exploração do capitalista.
Desconsiderando os conceitos ideológicos
sobre o trabalho, é fácil perceber que para a maioria o
emprego representa alivio, pois dele é possível manter a sua
vida e as daqueles que dele dependem. O desemprego coloca o
trabalhador na impossibilidade de exercer a liberdade, de
transformar, coloca-o na incapacidade de sobreviver.
A busca pelo trabalho que traga bom retorno
financeiro, satisfação e realização, é o ideal humano de todos
os tempos. O trabalho físico transforma coisas e bens; o
trabalho intelectual transforma pessoas e ideais. Ambos
transformam o mundo.
Pela descrição bíblica, temos que Deus lá no
Éden, deu ao homem recursos e ferramentas para que seguisse o
curso de sua vida com alegrias e felicidades. Seria um
contra-senso dar-lhe a penalidade do sustento com o trabalho
dos seus braços.
A satisfação de ocupar-se no desenvolvimento
de tarefas é muitas vezes superior ao estado de indolência,
que cansa, que enfada o corpo e a alma.
A poetisa chilena Gabriela Mistral diz sobre
o trabalho: "Que triste seria o mundo se tudo se encontrasse
feito, se não existisse uma roseira para plantar, uma obra
para se iniciar.".
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