Batatinha Quando Nasce
Batatinha quando
nasce Deita rama pelo chão; Mulatinha quando deita Bota
a mão no coração.
Pirolito que Bate, Bate
Pirolito que bate, que bate, Pirolito que já
bateu; Quem gosta de mim é ela, Quem gosta dela sou
eu.
Cachorrinho Está
Latindo
Cachorrinho está latindo Lá no fundo do quintal; Cala a
boca, cachorrinho, Deixa meu amor
chegar!
Quem Canta, Seu Mal
Espanta
Quem canta seu
mal espanta, Quem chora seu mal aumenta, Eu canto para
disfarçar Uma dor que me atormenta.
Balaio
Balaio, meu
bem, balaio, Balaio do coração; Moça que não tem
balaio Bota a costura no chão.
Balaio, meu bem,
balaio, Balaio do presidente: Por causa deste balaio Já
mataram tanta gente!...
Balaio, meu bem,
balaio, Balaio de tapeti; Por causa deste balaio Me
degradaram daqui.
A
Barata
Nada há no
paraíso Que me faça eu falar; Não há sapo nem
barata Que me possa incomodar.
Eu vi uma barata No
capote de vovô; Quando ela me avistou Bateu asas e
voou.
Eu vi uma barata Com a tesoura na
mão, Cortando calças, camisas, Vestidos de
babadão.
Eu vi uma barata Sentada fazendo renda, E
também eu vi um rato Ser caixeiro de uma venda.
Eu vi
uma barata Sentada numa costura. E também eu vi um
rato De pistola na cintura.
Eu vi uma barata Na
janela namorando, Vi um sapo de luneta Pela rua
passeando.
Eu vi uma barata Na ladeira da
preguiça E também vi um cachorro Amarrado com
linguiça.
Cravo e a Rosa
O cravo tem
vinte folhas, A rosa tem vinte e uma; Anda o cravo em
demanda, Porque a rosa tem mais uma.
O cravo brigou
co'a rosa Debaixo de uma sacada; O cravo saiu ferido, E
a rosa espinicada.
Viva o cravo, viva a rosa, Viva o
palácio do rei; Viva o primeiro amor Que nesta terra
tomei!
O cravo caiu doente, A rosa o foi visitar; O
cravo deu um desmaio, A rosa pôs-se a
chorar.
Fragmento do Cabeleira
— Fecha a
porta, gente, Cabeleira aí vem, Matando
mulheres, Meninos também. Corram, minha
gente, Cabeleira aí vem, Ele não vem só, Vem seu pai
também. "Meu pai me pediu Por sua benção Que eu não
fosse mole, Fosse valentão. Lá na minha terra, Lá em
Santo Antão,
Encontrei um homem Feito um
guaribão, Pus-lhe o bacamarte, Foi pá, pi, no
chão. Minha mãe me deu Contas pra rezar, Quem tiver
seus filhos Saiba-os ensinar, Veja o Cabeleira Que vai
a enforcar. ........................ Meu pai me
chamou: — Zé Gomes, vem cá; Como tens passado
No
canavial? "Mortinho de fome. Sequinho de
sede, Só me sustentava Em caninhas verdes, — Vem cá,
José Gomes, Anda-me contar
Como te prenderam No
canavial? "Eu me vi cercado. De cabos, tenentes, Cada
pé de cana Era um pé de
gente."
Silvio
Romero
(1851-1914)
Silvio
Romero (Sílvio
Vasconcelos da Silveira Ramos Romero), crítico literário
brasileiro e historiador da literatura. Nasceu em Lagarto,
Sergipe, e faleceu no Rio de Janeiro. Bacharel em direito pela
faculdade do Recife (1873), foi juiz em Parati, Rio de
Janeiro, dedicando-se também ao magistério. Foi professor de
filosofia no Colégio Pedro II (1880) e de Filosofia do Direito
na Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro. Por um breve
período participou do parlamento, tendo sido deputado por
Sergipe (1899). Um dos fundadores da Academia Brasileira de
Letras, também ocupou uma cadeira no Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro. Participou ativamente
da vida intelectual e política brasileira.
Escreveu obras
sobre crítica e história literária, sociologia, filosofia,
política, folclore e poesia popular. Entre elas, destacam-se
A literatura brasileira e a crítica moderna (1880),
História da literatura brasileira (1888), Cantos
populares do Brasil (1882), Estudos sobre a poesia
popular brasileira (1889), A filosofia no Brasil
(1878), Doutrina contra doutrina (1894), O
parlamentarismo e o presidencialismo no Brasil (1893) e
O Brasil social (1908).
Figura de
destaque da Escola do Recife publicou, em 1878, o
primeiro livro de história das idéias filosóficas no Brasil:
A filosofia no Brasil.
Foi divulgador do
pensamento filosófico de Tobias Barreto, principal figura da
Escola do Recife. Defendendo o Liberalismo, criticou a
tese da ditadura positivista. Na crítica e historiografia
literária destacou-se como analista com conhecimento dos
autores e textos. Filiando-se à estética realista, escreveu a
primeira história da literatura brasileira sob a perspectiva
de uma obra de arte retratar, psicologicamente, uma sociedade.
Foi um dos responsáveis pela valorização das tradições
populares, recolhidas nas obras sobre o folclore. Nos últimos
anos, sem abandonar as teses evolucionistas, defendeu a
metodologia de estudos sociais monográficos, defendidas por Le
Play.
Fonte: Enciclópedia
Encarta - 2000 (Microsoft)
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